Porto
A minha cidade é magnética
É feita de risos perdidos
E energia poética,
Beijos roubados nas esquinas de pedra,
Dedos entrelaçados,
E espíritos mal amados.
A minha cidade é mágica
Cola-se rápido à ponta dos dedos
E leva no vento todos os medos.
A minha cidade é feita de nós
E desencontros.
O ar cheira a vinho forte e a rio Douro
Sabe a doce e a salgado
A memória e a Fado.
Aqui vivem os tontos
Os loucos
Os doidos
Os erraticos
Que nos roubam o coração
Com sorrisos enigmáticos.
A minha cidade tem eletricidade
A correr-lhe nas veias
A minha cidade
Faz-me perder as estribeiras
E dá choques constantes
Que fazem corpos vibrar
E almas estalar.
A minha cidade é feita de segredos
Gravados em paredes, páginas e tetos.
A minha cidade é assim
É rebelde e descuidada
Sem princípio nem fim.
Mas aqueles que aqui vivem
E os que passam e vão
Não esquecem nunca
Que já pisaram este chão.